O MacGuffin: Wright or wrong?

segunda-feira, maio 19, 2008

Wright or wrong?

João Pereira Coutinho in Expresso (17/05/2008)

Barack Obama

Ganhe ou perca contra McCain (e eu acredito que vai perder), Obama já ganhou a corrida para a nomeação democrata. Razões da vitória? Os deméritos de Hillary, que se resumem na arrogância com que a senhora se apresentou a concurso: Hillary acreditou que a candidatura seria um passeio triunfal (e, sobretudo, breve) em que a alegada "experiência" da antiga primeira-dama acabaria por afastar a concorrência.

Azar. O passeio não foi triunfal, não foi breve e a "experiência" de Hillary não foi vista como uma vantagem. Pelo contrário: saturados das dinastias Clinton e Bush, os americanos desejam outro apelido no boletim de voto. Sem falar do resto: ter votado a favor da guerra iraquiana é uma mancha que os democratas não esquecem nem perdoam; e as fantasias infantis fabricadas pela senhora (como ter estado sob fogo na Bósnia) relembraram à América que a mentira é um defeito de família.

E Obama? Obama é sobretudo um mistério - e já nem falo das "ideias". Nas últimas semanas, a candidatura do homem tremeu com as declarações do reverendo Jeremiah Wright. Quem é Wright? De acordo com o próprio Obama, um dos homens mais importantes da sua formação, para além de o ter casado e baptizado as filhas. O que se sabe de Wright, porém, chega e sobra para fazer tremer o mais crédulo dos crédulos: um extremista racial, para quem o governo americano teria fabricado o vírus do VIH com o sinistro propósito de exterminar a raça negra. Durante 20 anos, Obama viveu e conviveu com a criatura. Nunca se ter apercebido da faceta lunática de Wright desafia a credulidade.

Provavelmente, Wright voltará ao ataque até às eleições, provocando sangrias sempre que abrir o bico. Mas os problemas para Obama não estão simplesmente em Wright. Como se viu nas primárias decisivas da Carolina do Norte e de Indiana, Obama é cada vez mais o candidato dos jovens e, claro, da comunidade negra. Ao mesmo tempo, afasta-se do "centrão" moderado e já perdeu o voto religioso. "Sorry", rapazes. Não chega para ganhar em Novembro.

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