O MacGuffin: janeiro 2007

terça-feira, janeiro 30, 2007

Mais uma razão para viver

Logo, às 23:15. RTP1. Rui Ramos. Vasco Pulido Valente. Need I say more?

Porque o mar é nosso amigo, 2.ª parte

Notícia Público: "Alterações climáticas põem em risco praias do Algarve. Água do mar avança um metro por ano na ria Formosa. A indústria do turismo está ameaçada."

Dois finalistas

Salazar e Cunhal no top-ten dos finalistas que disputam o lugar de «maior português de sempre»? Previsível. Natural. Trinta e dois anos após a instauração da democracia, o português médio – vulgo «tuga» - não esconde que é cíclica e ordinariamente assolado por dúvidas de natureza ontológica quanto à natureza humana, e incertezas pragmático-sistémicas relativamente à democracia. Continua a desconfiar de si próprio e a sentir-se tremendamente inseguro na hora de escolher: a roupa, o negócio, o trabalho, a sua vida. Essa coisa da liberdade individual e da dimensão atómica do indivíduo causa-lhe angústia de vária ordem. E o maior medo é este: e se os «outros» decidem comportar-se como eu, que sou, a espaços, uma besta e, quase sempre, manhoso, caótico, egoísta, medíocre? Não admira que, não raramente, acabe piamente convencido de que este regabofe a que decidiram chamar «democracia» - um sistema que fomenta desvarios e amplifica fraquezas - precisa de mão firme e orientação paternal (boa parte da «boa» imagem de Sócrates passa por aí). No fundo, alguém tem que pôr ordem na casa. Salazar e Cunhal representaram, cada um ao seu estilo, essa dimensão tacanha, mesquinha, avarenta e autoritária, que os levava a observar o «povão» como uma manada a precisar de vara e chicote. Tanto um, como outro, proclamaram amar o país e o povo, mas, em boa verdade, desprezavam essa enorme e uniforme massa de ignaros que, caso lhe fosse dada a oportunidade (através da liberdade de expressão e de comportamento, do direito à propriedade, do incremento material e do livre acesso a bens tangíveis e intangíveis) depressa estragaria a paz, o sossego, a boa da «ordem» e as bondosas orientações do comité. Salazar e Cunhal não vieram de Plutão. Foram produto nacional. No mesmíssimo registo, há por aí muita gente que não se conforma com esta coisa da «liberdade» e da «democracia». Que não suporta a livre circulação de bens e de pessoas, o acesso a bens materiais «supérfluos», a democratização da cultura e dos gostos. E, está claro, a progressão social. No fundo, gente que chora à noite por um passado em que tudo estava no seu «devido lugar», e em que a miséria e o atraso eram sinónimo de sossego e de acato. No fundo, vivem ainda no saudosismo rústico de um Salazar ou de um Cunhal que meteria na ordem a ralé desavinda e levantaria, certamente, a moral das tropas e o orgulho de ser português. Pueril, atrapalhada e de má consciência, esta democracia em que vivemos.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Ai o frio e tal

Ainda não percebi se a infantilização do português adulto, levada a cabo pelos senhores e pelas senhoras (olha aí o politicamente correcto) da Protecção Civil, encontra paralelo nos que habitam a paróquia lusa. Existirão mesmo homens e mulheres de barba rija que sorvem com particular deleite e redobrada atenção os conselhos peripatéticos da Protecção Civil por causa, por exemplo, do frio? Será que conduzimos este país, e a nobre gente que o habita, por caminhos que vieram a revelar-se profícuos na cunhagem de uma nova espécie: a do homo medrosus? Terá o Portugal de Abril (evidentemente ainda por cumprir) produzido uma espécie humana caracterizada por uma pornográfica propensão para a mariquice saloia e para a paranóia? Sonharão os funcionários da Protecção Civil com o dia em que, zelosos e melosos, pegarão nesta gente incauta para junto dos seus próprios lares, onde os esperará o conforto de uma lareira, o aconchego de um abraço amigo e mil e uma histórias de quando o mundo não era assim – frio - e o Al Gore era um tipo relativamente feliz? Ou tudo isto não passa, apenas, de um exercício de excesso de zelo dos funcionários da Protecção Civil, eles próprios cientes da inconsequência e impertinência das suas funções, e por isso acossados?

Não sei Vasco

Olha, não te queixes, 'tá bem?

Diz o Alberto que “é inadmissível que, em pleno século XXI, as encomendas de Nespresso (sabor Roma) continuem a demorar três ou quatro dias.” Muita sorte tens tu. As minhas (sabor Roma, claro), para além da demora, começaram agora a chegar amachucadas, com o trágico derrame do néctar no interior das caixas. Já coleccionei para cima de vinte cápsulas esventradas. Eu vou mais por uma petição contra a DHL. Essas empresas privadas com fins lucrativos são a nossa vergonha.

domingo, janeiro 28, 2007

Bingo!

Um partido exemplar

O CDS-PP é um must da política à portuguesa. Ninguém lhe é indiferente. Em certa medida, está ali um Portugal que nos é familiar. No meu caso, levou-me a revisitar Popper e os princípios do liberalismo:

1. O CDS-PP é um mal necessário;

2. A diferença entre os outros partidos do «arco democrático» (PS, PSD e Os Verdes) e o CDS-PP reside no facto de que nos outros partidos podemos desembaraçar-nos dos seus dirigentes sem derramamento de sangue e no CDS-PP não;

3. O CDS-PP não presta aos cidadãos qualquer tipo de benesses mas pode e deve entretê-los com actividades de índole diversa, incluindo as de natureza circense;

4. Não é por Ribeiro e Castro ter ou não razão que se é popular, mas porque o partido, radicado em tradições cénicas e esdrúxulas, propícias à barafunda e à cachamorrada, é albergue preferencial de lutas inofensivas mas lúdicas, levadas a cabo por aprendizes de democracia que evocam a ordem e o respeito pelas instituições só para inglês ver;

5. O princípio do liberalismo exige que as restrições da liberdade individual, inevitáveis em virtude do convívio social, sejam repartidas uniformemente na medida do possível e reduzidas o mais possível. No CDS-PP, as restrições à liberdade não só não são repartidas uniformemente, como devem ser distribuídas de forma a induzir princípios de prática quotidiana que radiquem na contenda infantil, inconsequente e estapafúrdia.

6. Os princípios dos populares podem ser descritos como princípios segundo os quais a instituição existente – o partido – pode e deve, mesmo não sendo necessário, ser modificada, subvertida, desafiada ou desrespeitada. Por outras palavras, no CDS-PP vigora não uma convicção evolucionista, mas sim uma convicção revolucionária.

7. Por último, entre as diversas tradições no CDS-PP, há que referir, como a mais importante, a que deforma a «estrutura legal» institucional relativamente à «estrutura moral», corporizando-se em diatribes e comportamentos indecente de certos membros e/ou dirigentes, impregnados, contudo, de farta comicidade.

O aborto?

Não suporto mais a histeria de uns e de outros. Não suporto os argumentos enviesados, falsos e simplistas do Sim. Não suporto a carga moralista de alguns argumentos do Não e a postura sacrossanta dos que são «pela vida» (tantas vezes hipócrita). Não suporto a partidarização do tema e a tentativa de categorizar ideologicamente as opiniões. Não suporto a tentativa de menorizar ou descartar a opinião do homem por se tratar, supostamente, de um tema que só à mulher diz respeito. Não suporto as doutas posições dos «senadores» ou as afirmações ex cathedra dos gurus da opinião (de Louçã a César das Neves), tão seguros das suas certezas. Já deu para perceber, há muito, que o tema é demasiado complexo e «intimista» para ser referendado. Ainda para mais num país com uma tradição democrática pueril e um nível de informação e instrução abaixo de cão. Não vou, por isso, votar. Não quero, por isso, saber. Os eleitos que resolvam em sede própria.

O caso “Esmeralda”

Afinal o pai-rent sabia que o pai-bio queria ficar com a filha desde que esta tinha 8 meses. Afinal o pai-rent andava a monte desde que, há mais ou menos quatro anos, um tribunal decidiu pela entrega da menina ao pai-bio. Ou seja, a história não foi bem contada, o circo mediático esteve-se nas tintas para os factos e, para a opinião pública em geral, os tribunais, os juízes e as leis (severas, tão severas...) voltaram a ser os insensíveis de sempre, desatentos ao «amor» e ao espírito de sacrifício do pai-rent. Era tudo tão simples, não era?

sábado, janeiro 27, 2007

O Rui Tavares não sabe debater

Esbarrei ontem com o Rui Tavares e o Pedro Lomba (salvo seja). Debatia-se a CML e a governação do Eng. Carmona. Notória e teatralmente abespinhado, Rui Tavares saiu-se com a clássica “a direita não sabe governar Lisboa”. O Pedro Lomba, coitado, lá disse o que em canal aberto a educação e o pudor lhe permitem dizer, ele que é um cavalheiro. É óbvio que, subliminarmente, um “vai-te f**** com essas afirmações” marcou presença. Há gente que, em televisão, passa mal. O Rui Tavares, por exemplo, tem o péssimo hábito de interromper os seus «adversários». De não deixar falar ninguém. A não ser o próprio, claro. E reparei que só por uma vez os zigomáticos, o prócero e o depressor do supercílio se avantajaram no sentido de colocar naquela cara grave aquilo a que comummente se chama de “sorriso”. Há por aí um outro indivíduo de esquerda, de que não me lembro agora o nome, que tem por hábito o mesmíssimo comportamento. “A esquerda não sabe debater”? Estas declarações definitivas e espectaculares valem o que valem. Nada. Rui Tavares esquece que, de há vinte anos a esta parte, a esquerda governou Lisboa durante treze anos (mais coisa, menos coisa). A direita está lá há cinco (mais coisa, menos coisa). Se o critério é o das convulsões políticas, das derrapagens financeiras e das indignações colectivas, devo anunciar que durante treze anos, Lisboa assistiu a um pouco de tudo. E durante mais tempo. Sai mais uma declaração definitiva e espectacular para a mesa do canto? Tome nota, Rui: "a direita e a esquerda não sabem governar Lisboa". Ou será que, à escala local, deveríamos estar a falar de pessoas e a deixarmo-nos de prateleirinhas ideológicas?

“Agora já menos activo”

Foi esta a frase que a Carla proferiu, na entrevista ao Pedro Rolo Duarte*, quando se referiu ao MacGuffin e ao seu Contra a Corrente. Facto. Mas sabes, Carla, fiquei triste. Fiquei com saudades do que perdi. Fiquei com saudades de outros tempos. Tempos de maior actividade, minha e de tantos outros. Tempos em que frívola e/ou inocentemente me divertia, irritava, sorria e, imagine-se, até aprendia com a blogosfera. Tempos em que me sentia bem mais vivo. Quanto mais não fosse, pela parte do monólogo.

Está decidido. A SÉRIO. Vou voltar a escrever. Com regularidade. Porque me faz bem. Porque se me irrito e a úlcera se distende, muito mais me divirto. E envaideço.

É bom regressar a casa. É bom voltar à companhia do Fernando, do Ricardo, do Alberto, do João, do Francisco, do Pedro, da Carla, da Isabel, do Luis, do Tiago, etc. etc. etc.

"Nada que agradecer”? Thanks, Charlie.

______________
* Ironia das ironias. Há uns anos atrás, o Pedro Rolo Duarte (PRD), ainda no DNa, foi um dos mais ferozes «adversários» do fenómeno da blogosfera. Eu escrevi sobre o azedume duartiano, o RAP também, etc. Hoje, o PRD tem um programa na Antena 1, sobre… blogues. "Se não os podes vencer, junta-te a eles."

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Porque o mar é nosso amigo

Notícia Público: “Esplanada da Costa da Caparica levada pelo mar durante a madrugada”.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Londres, 2007, dias antes da tempestade

“When a man is tired of London, he is tired of life; for there is in London all that life can afford." — Samuel Johnson


Londres 2007 032
O Macguffin na patisserie Maison Bertaux, na Greek Street, onde comeu o melhor croissant da sua vida (e não foi em França…)


Londres 2007 006
Uma das sete ou oito montras da Fortnum & Mason sob o signo de Alice

RIP

Morreu Art Buchwald. Mais um que ”por meras razões de sobrevivência de grupo” (sic) colocou um “ênfase particular na liberdade” (sic). Obituário aqui. Quanto ao Prof. Pedro Arroja, digamos, apenas, que, a avaliar pelo artigo aqui linkado, o homem é parvo.

terça-feira, janeiro 09, 2007

"Continua vigente"

“A ETA reivindicou hoje, em comunicado, a autoria do atentado de dia 30 de Dezembro no aeroporto de Barajas, que matou duas pessoas, apesar de garantir que o cessar-fogo decretado em Março "continua vigente". in Público

Mais uma vez, e quase sempre com a habitual complacência de certos quadrantes políticos que por uma questão de bondade ou fairplay evito referir (a extrema-esquerda), a ETA volta a atacar e, desta vez, com direito a bafejar a ralé, o clero e a nobreza com tiradas de humor negro. Repare-se que, segundo o comunicado, o cessar-fogo «continua vigente». Evitem rir, por favor.

Zapatero, o príncipe, já terá percebido (terá?), por esta altura, que andou a perder tempo. O Partido Popular andava há meses a dizer-lhe o óbvio (umas vezes de forma velada, outras literalmente aos berros), embora, teimoso, S. Exa. tivesse evitado dar ouvidos a gente que, segundo consta, perdeu a «legitimidade» após o 11 de Março, para além da boa da «moral» (coisa que a esquerda, como sabeis, jamais perde). Escusado será dizer que Zapatero deverá daqui retirar algumas ilações. Também é escusado dizer que há gente que só aprende depois. Aznar e Gonzalés estarão, certamente, na disposição de lhe explicar alguns factos da vida. Isto, claro, se o imberbe primeiro-ministro achar conveniente perder um quilo de prosápia (mais coisa, menos coisa).

Para cúmulo, houve, entretanto, um ministro que afirmou uma coisa extraordinária: a partir de agora, qualquer cessar-fogo decretado pela ETA não tem credibilidade. A sério?

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Música ambiente para blogger português que pretende regressar etc.


2006, balanço

(vamos fazer de conta que interessa, shall we?):

LIVROS (os que li em 2006)

Everymen, Philip Roth
The Dictators: Hitler´s Germany, Stalin's Russia, Richard Overy
The Meaning of Recognition: New Essays 2001-2005, Clive James
The Penguin Book of Interviews, Christopher Silvester
Letters from the Earth: Uncensored Writings, Mark Twain
Landing Light, Don Paterson
Plato's Children: The State We Are in, Anthony O'Hear
Selecção Nacional, Alberto Gonçalves

DISCOS

(a construir)

CINEMA

Uma História de Violência
Match Point
A Senhora da Água
Match Point
Uma História de Violência

BLOGUES

Devaneios
31 da Armada
A Causa Foi Modificada
Blasfémias
Homem a Dias
João Pereira Coutinho
A Origem das Espécies
Estado Civil

DETERGENTE
Fairy Espuma Activa

POMADA
Zovirax

VINHO
De longe, o melhor: Mibal Selección 2003 (Bodega HORNILLOS BALLESTEROS S.L.)



RESTAURANTES
O melhor: Di Vino (Segóvia)


E ainda: Arola (Madrid), L’Opera (Frankfurt) e a cozinha do parador de Chichón.

Para já...


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