O MacGuffin: julho 2005

terça-feira, julho 26, 2005

Summertime




























segunda-feira, julho 25, 2005

Reciclagem

Não sou dos que alinham no pitiatismo das férias. Há algo de patético e simultaneamente deprimente na forma como a maioria procura insistentemente um programa para ocupar o período de férias, sob pena de se apoderar da alma um misto de derrota e frustração. Quando me perguntam “Onde foste nestas férias?” e recebem como resposta “A lado nenhum, fiquei por aqui”, vislumbro sempre um olhar de comiseração trocista. Parece não fazer sentido «ficar» quando é suposto «sair». Para além de parecer um sinal de profunda infelicidade ou de avançada imbecilidade, a atitude de ocupar os dias de férias a vegetar na mesma cidade onde se viveu durante todo o ano, ou em igual registo abroad, é incompreensível.

A sério, não percebo porquê. É assim tão errado não alinhar na voragem vigente? Será sinal de doença mental optar por fruir calma e prazenteiramente as férias sem «rasgos», «saídas» ou incómodos de natureza idílica, invariavelmente auto-infligidos com o patrocino da Halcon ou da Agência Abreu?

Entendam-me: gosto de viajar. Mas até aí não escondo aquilo que sou: um conservador com uma costela de pseudo-esteta e outra de snob (o que, na actual cultura proletária, serve para designar quem só lê jornais estrangeiros). Qualquer destino de férias tem que ser minimamente «civilizado» (as aspas são a contribuição da semana para o politicamente correcto): sem moscas, mosquitos, frio ou calor excessivos, comida ou líquidos diarreicos. A regra que me imponho é simples: sair só para onde a obra e o engenho humanos tenham florescido em todo o seu esplendor, após séculos de sedimentação civilizacional. Sítios onde possa continuar a comprar os jornais e as revistas do meu contentamento; onde possa desfrutar de bons museu, exposições, restaurantes e cafés; onde a quantidade por quilómetro quadrado de livrarias minimamente decentes seja razoável (mínimo: 2); onde os cinemas e os teatros apresentem um riquíssimo leque de escolhas; onde se possa beber um cappuccino decente na companhia de scones acabadinhos de fazer; e, é claro, onde haja gente «normal». Não me peçam para escolher retiros exóticos com climas absurdamente húmidos ou estupidamente secos, com programas de pesca submarina e aos gambozinos em praias «paradisíacas». Além disso, a minha consciência moral não me permite assistir indiferente e pacificamente à coabitação do luxo de uma estância balnear, paredes meias com a dura realidade da indigência autóctone – apesar do garrido pitoresco que a ocidente muito se preza.

Em suma: para quê a «diferença», o «exotismo» e o «paraíso» se há sempre Veneza, Roma, Londres, Nova Iorque, Barcelona ou Paris, a escassas horas de distância?

Com isto quero dizer que vou de férias? Não, ainda não. Mas mais postas só lá para finais de Agosto.

Até lá, um abraço. Do Mac.

segunda-feira, julho 18, 2005

Simple Things

Zero 7 na Jukebox.


PS: agradecendo ao Ricardo o lembrete.

Parabenizar

Os meus amigos Luís e Bruno pelo segundo aniversário dos respectivos blogues. Grande abraço do Mac. Cheers!

PS: e um grande abraço de parabéns para o senhor Carne (recently daddy).

VPV

A grande mentira
por Vasco Pulido Valente in Público
"Anteontem, houve uma greve do funcionalismo, polícias que extravagantemente ameaçaram cortar as pontes de Lisboa e um protesto de militares no activo que se declaram em resistência até ao limite da legalidade, seja ela qual for. Ver isto pela fórmula simples da "agitação social" não ajuda muito. Esta espécie de "agitação", mesmo que varie o seu grau de sucesso, não vai acabar. Por uma razão simples. Desde o 25 de Abril que o Estado-Providência se tornou, com trinta anos de atraso, no fundamento do futuro e da vida de milhões de portugueses. Directamente, porque lhes dá emprego, ou indirectamente porque, em teoria pelo menos, se encarrega de lhes pagar a educação dos filhos, de os tratar na doença e de os sustentar na velhice. Bem sabemos que mal. Mas de qualquer maneira o ponto está em que o Estado-Providência substituiu a responsabilidade de cada indivíduo por si próprio e que hoje quase todos nós dependemos dele.

O que, em princípio, não seria trágico, se ele fosse indefinidamente sustentável. Quando na Europa, depois da II Guerra, o começaram a organizar a sério, não passou pela cabeça de ninguém que as funções do Estado-Providência crescessem como cresceram e que o preço dos seus serviços chegasse onde chegou. O ensino "universal e gratuito" era sumário, a medicina primitiva e os reformados morriam economicamente por volta dos setenta anos. Ainda por cima, uma população jovem podia financiar facilmente tudo isso. Agora, não. A população envelheceu, os cuidados médicos são cada vez mais caros para cada vez mais gente e o ensino alastrou, sem lógica nem senso, do pré-escolar à universidade. O Estado-Providência está virtualmente falido.

Só que a "Europa" e Portugal com ela, reconhecendo vagamente a realidade, se recusam a agir em consequência. Vivemos numa ficção política ou, se quiserem, numa grande mentira. Como Barroso e Sócrates, na Alemanha, em França e em Itália, vários governos tentaram pôr remendos por aqui e por ali para atenuar ou disfarçar as coisas. Não resolveram nada e ficaram a ser cordialmente odiados. Sempre alimentada pela irresponsabilidade e pelo medo, a grande mentira não se desfaz sem dor. A nossa história já é hoje a história da ruína do Estado-Providência, que de medida em medida em medida e de orçamento em orçamento irá desaparecendo. Não é a história de um acidente ou de um "mau bocado". É a história de um mundo que se extingue. Não sem desespero."

terça-feira, julho 12, 2005

Pink Moon

Nick Drake. De volta à Jukebox.


segunda-feira, julho 11, 2005

Crónicas & Outros Textos

De Alberto Gonçalves. Directamente para os 'muito cá de casa'.

PS: O blogue não é, contudo, da autoria do próprio Alberto Gonçalves. Trata-se, por isso, de um blogue 'não oficial', gerido por mão alheia. Seja como for, recomenda-se sem reservas. Não é do, mas é com.

sexta-feira, julho 08, 2005

Correio

De Jorge Bento:

"É como a história do violador e do violado. A vítima, para além de umas palmadinhas nas costas, ouve sempre em surdina "então o que é que ela esperava, com um vestido daqueles e umas pernas daquelas!”. No fundo, o violador aproveitou a exposição da vítima. Para os nossos idiotas úteis, as causas são profundas: o imperialismo, a pobreza, Bush, o Iraque etc… Eles não lêem, nem querem ler, as confissões dos terroristas ( vide Rua da Judiaria ).
Cumprimentos
JB"

Causas

Sobre as «causas» do terrorismo, nada melhor do que (começar por) ler a entrevista de Omar Bakri Mohammed, “teórico da Al Qaeda na Europa”, que o Nuno Guerreiro fez o favor de transcrever no obrigatório Rua da Judiaria. Daí se podem tirar várias ilações. Logo à cabeça, a de que o Dr. Soares continua a fazer questão de enfiar a cabecita na areia.

Resiliently

José Mário Silva:

“Num momento extraordinariamente difícil como este, é de louvar a forma como os londrinos estão a enfrentar a tragédia. Nada de pânicos desnecessários, nada de histeria, nada de caos na rua (excepto o provocado pelas explosões). As autoridades actuam com rapidez e eficácia, as pessoas reagem com a serenidade possível (impressionantes as imagens das carruagens do metro logo após o atentado, com os passageiros a manterem o sangue frio) e mesmo os jornalistas estão a milhas do tom apocalíptico típico de uma certa escola portuguesa. Basta sintonizar a Sky News ou a BBC para perceber a diferença.
Uma das palavras mais repetidas ao longo do dia foi resilience. Ou seja: a aptidão para reagir à adversidade. E, se pensarmos bem, aos londrinos nunca faltou resilience. Basta lembrar o grande incêndio de 1666 ou os bombardeamentos da aviação alemã durante a II Guerra Mundial. Então, como agora, os londrinos mostraram coragem, abnegação e uma enorme dignidade. Hoje, como ontem (quando venceram no photo finish a corrida à organização das Olímpiadas), eles revelaram-se um exemplo para o resto do mundo.”

Ele vai já explicar o quis dizer

É a guerra no Iraque e tal…

Antena 1, hoje, às 9h20m: uma professora de português do 1.º ciclo (antigamente chamava-se “primária”), a leccionar em Londres, acaba de dizer que “eles [os miúdos] vão querer falar do que aconteceu”(sic) mas que ela [a professora] tratará de explicar os dois lados da história, porque “nestas coisas há que compreender sempre as duas perspectivas”(sic), até porque “Londres é uma cidade tolerante”(sic).

De pequenino se distorce o moralista pepino.

quinta-feira, julho 07, 2005

"They will not succeed"


My Favorite Things

John Coltrane na Jukebox. My Favorite Things. Com McCoy Tyner no piano e Elvin Jones na bateria. Não se pode pedir mais.


sexta-feira, julho 01, 2005

Vai...

Ilídio, vai ser assim até ao fim.


We All Know

Devendra Banhart is in the box.


We All Know
We all know
That the wind blows
And the moon glows
And our lungs grow

We belong to the floating hand
That's made by some animals

And we all dance so
We can let go
And we move close
And trade lows

Like the type of tongue that roots from your breast
And it shakes your pretty little clavicle

A good friend
Is walking
To a homeland
And inside land

And to him I said
You can leave your eyes at the horizon's dead door
'Cause you won't need them anymore

The children
Spins the dawn in
And the morning
Disappearing

They reappeared as a seed of love
You know the earth births the vegetables

We all know
We all know
We all know
We all know
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