O MacGuffin: I THINK I'LL GO

segunda-feira, setembro 20, 2004

I THINK I'LL GO

(revisto)
because of toledo
because of toledo I got sober and stayed clean
the pick-ups and the wild praires
the shadows dancing in between
a girl leans on the jukebox in a pair of old blue jeans
she says “I live here but I don’t really live anywhere”
because o toledo

tuesday it’s raining and I’m pulling on my shoes
I guess I quit believing in the early morning news
A boy orders a coffee and he settles down to think
How the women that you love sometimes
are the water that you drink
then another faded waitress dressed in pink
cries for toledo

the lipstick and the cocaine traces
one face in a thousand faces
I stumble through so many places
because of toledo

because of toledo the highway looks so thin
I see another motel sign and I think of pulling in
I’d write your name up on the mirror there
the only secret that I know
but i guess i would be only chasing rainbows
back to toledo. I think i’ll go.

THE BLUE NILE in High (Epstein Records, 2004)

Há músicas definitivas? Há: Because of Toledo é uma delas. Ilustra, na perfeição, até onde podem chegar os Blue Nile: longe, muito longe. Não é fácil nem comum encontrar na pop grupos assim. Os Blue Nile dão-se ao luxo de tratar os arranjos, as palavras, a estrutura melódica, o tempo e o ritmo na palminha das mãos, como se de filigrana extremamente frágil se tratasse. Os seus discos reflectem trabalhos forçados, sofrimento criativo - sangue, suor e lágrimas. Parecem obras tirados a ferro, de parto difícil e, talvez por isso, frágeis, delicadas, ténues na sua ânsia de conquista. São discos que requerem disposição, empenho e dedicação a quem se dispõe a escutá-los (não confundir com “ouvir”). Não são «fáceis», no duplo sentido da palavra. Afinal de contas, a antítese do género. Zangamo-nos com as palavras, que nos levam ao tapete, mas a elas voltamos porque, como lapas, sugam, sugam e sugam. E nós rendemo-nos. Tem mesmo de ser assim.

High marca o regresso dos Blue Nile e, em perspectiva, podemos ver nele uma espécie de back to basics, com Buchanan a dizer-nos “ok, tratámos de recuperar boa parte do que havíamos perdido com Peace At Last". Não que High seja Hats. Não é um disco perfeito. As cicatrizes notam-se. Nem sequer chega a representar aquilo que A Walk Across The Rooftops representava: o prelúdio de uma obra-prima, a insinuação de algo grandioso. High indica-nos apenas (e o «apenas» é imenso) que Buchanan & Ca. chegaram a bom porto, depois de uma longa viagem. É o típico disco de quem vem de longe, de quem já viveu muito, de quem já fez grandes coisas e se recusa, agora, a morrer na praia. Os eventuais defeitos que, aqui e acolá, lhe podemos apontar, não chegam para sonegar um facto: High é um forte candidato a disco pop do ano.

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