O MacGuffin

terça-feira, agosto 17, 2004

VENEZUELA
A malta da esquerda (alguma, pelo menos) não cabe em si de contente: Hugo Chávez ganhou. Dois factos (a vitória e a satisfação) previsíveis. À esquerda, basta saber-se que o homem “é cá dos nossos” para receber um aval incondicional. De pouco serve a evidência de que, comparado com Chávez, o putativo e «tenebroso» populismo de Santana e Portas é picada de mosquito em carcaça de elefante. Comparem o barulho que a esquerda fez com estes e a forma como emudece em relação a Chavéz. Talvez se consiga alcançar até onde vai a esquerda para justificar as suas simpatias clubistas.

A forma como Chávez se auto-vitimizou, o seu declarado discurso anti-americanista (coisa que, nos tempos que correm, vale votos), a postura de defensor oficioso dos pobres e dos oprimidos, as manipulações à lei, os tiques de déspota e o seu declarado amor ao socialismo de inspiração castrista, revelam bem da natureza e categoria deste homem. Chávez ganhou porque, num país maioritariamente pobre, é relativamente fácil a quem está no poder vender uma imagem de santo e de salvador. Os meios de propaganda são fartos (nesse campo, o tio Fidel é bom conselheiro), a vantagem «competitiva» é clara.

Contudo, estou em crer que será apenas uma questão de tempo. A oposição a Chávez deve aceitar os resultados e permanecer vigilante. Ou seja: nada de tréguas. Mas, se ao povo continuar a ser dada a faculdade de escolher livremente, Chávez deixará de ter razões para sorrir. Com o tempo, as máscaras têm tendência a cair.


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