O MacGuffin

terça-feira, agosto 31, 2004

POIS CONCORDO
Pondo de parte parte as passagens que nos remetem para a a falta de jeito (vulgo "azelhice") de Eduardo Prado Coelho em matéria de bricolage (as instruções para a montagem dos móveis são simples e claras), subscrevo, na íntegra, a sua crónica de hoje, no Público, sobre o Ikea - o que me preocupa sobremaneira uma vez que, das raras vezes que fui assaltado por estados de alma consonantes com a escrita do excelso articulista, estava, segundo relatório médico circunspecto, à beira de uma de duas coisas: depressão ou bexigas loucas. Eis um excerto:

“Já em Paris eu tinha feito uma experiência semelhante: ir ao Ikea, uma nova concepção de venda de móveis e objectos para a casa. Tinha ficado com a ideia de que o que se poupava em termos de dinheiro tinha um custo em desgaste psicológico. Obtive em Portugal a confirmação.(…)
Um dos elementos desta estratégia consiste em criar um espaço de desorientação assegurada. A gente procura por onde entrar e é-nos dado um papelinho que deverá ser preenchido à medida que escolhemos os objectos de formato avantajado. A isto correspondem números de corredores e filas onde esses objectos se encontram - quando se encontram. Porque a minha escolha revelou-se infrutífera, uma vez que o objecto estava esgotado (suponho, porque não havia ninguém para me esclarecer). Entretanto, a gente vai rodando, passa três vezes pelo mesmo sítio, não consegue reencontrar o sítio onde já passou e onde viu algo que lhe interessava, e deixou de saber onde se situam os pontos cardeais. Sente um cansaço progressivo, aproveita a zona dos sofás para descansar um pouco, mas aparentemente não consegue parar.”

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