O MacGuffin

segunda-feira, junho 28, 2004

POR ACASO, ATÉ CONCORDO
Caro JMF: se era a esta que se referia, «por acaso» até concordo. Em nada contradiz o que aqui escrevi. VPV não se refere à questão da dissolução, ou não, da AR; não se refere à substituição do cargo de PM; nem sequer dá conta da sua preferência em termos de opções constitucionais. Repito o que disse: “Coisa bem diferente é saber se concordei com a decisão de Durão Barroso de aceitar o cargo de Presidente da Comissão Europeia. Para quem se interessar: não concordei.” Durão Barroso não se safa das comparações com António Guterres, embora as razões para a «fuga» sejam bem diferentes. Também creio que o cargo de Presidente da Comissão Europeia reverte mais a favor da pessoa que o ocupa do que a favor do país de origem do plesidente da junta. Mas não há que desvalorizar o poder de influência e as eventuais (por muito poucas que sejam) vantagens políticas que podem reverter a favor de Portugal - apesar de tipicamente portuguesa e patetinha essa ideia da «cunhazinha» agora que o «nosso homem» por lá «manda».

Como diz VPV, preferia ter ouvido Durão Barroso afirmar (seria, até, um orgulho): “Não me ocorreu em momento algum abandonar as responsabilidades que livremente tomei. Por respeito pelos portugueses, pela democracia e por mim próprio.” Coisa bem diferente, é discutir o que fazer a partir de agora. E como fazê-lo.

“Auto-estima”
por Vasco Pulido Valente
“Fantasia, conjectura, propaganda, possibilidade? Ninguém sabe ao certo. De qualquer maneira, a imprensa indígena continua a discutir com entusiasmo a putativa escolha do primeiro-ministro para presidente da Comissão Europeia. É interessante verificar as presunções de que toda a gente, ou quase toda a gente, parte. Em primeiro lugar, nem sequer se discute que a escolha está feita. Quem não trocaria o «horror» da política portuguesa pela grande política de Bruxelas? Que bom treinador de futebol hesitaria um instante que fosse entre «o Alverca e o Manchester United»? Que terrível decisão para o dr. Barroso, agora «cruelmente» dividido entre uma brilhantíssima carreira e os pequenos problemas de um país mesquinho. Há vozes generosas que lhe dizem: «Vá, vá. Amigo não empata amigo. Aproveite a oportunidade. Nós cá nos arranjamos. Veja lá o Guterres, se ele não anda triste.» E há os desconfiados, que não conseguem acreditar em tanta sorte ou a quem a coisa cheira a propaganda. Mas só um ou dois «velhos do Restelo» não concordam que a vertiginosa ascensão de Barroso aos píncaros seria para Portugal uma honra insigne. Pensem bem: um português, nosso, completamente nosso, a «mandar» na «Europa». Que felicidade. E, ainda por cima, além da honra, ficávamos com uma «cunha». Nesta matéria, a esperteza nacional nunca duvida: se ele (o Barroso) não nos puder dar uns tostões por cima da mesa, dá por baixo da mesa. Claro que dá. Não imagino que espécie de conclusão o prof. Marcelo vai tirar deste extraordinário espectáculo de «auto-estima». Para certas pessoas, certamente mal-formadas, o primeiro-ministro devia ter publicado a semana passada o seguinte comunicado: «Não me ocorreu em momento algum abandonar as responsabilidades que livremente tomei. Por respeito pelos portugueses, pela democracia e por mim próprio.»”

in Diário de Notícias (a edição online não merece o link)

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial

Powered by Blogger Licença Creative Commons
Esta obra está licenciado sob uma Licença Creative Commons.