O MacGuffin

sexta-feira, setembro 12, 2003

OS 11 DE SETEMBRO
Do leitor Jorge Bento:
“Aos que procuram misturar Pinochet com o 11/09 faço a seguinte pergunta: a aviação do Pinochet (apoiada pelos EUA) desviou 2 aviões cheios de civis e fê-los colidir com 2 torres cheias de civis, tendo resultado na morte de mais de 3.000 pessoas? Não deixem que o ódio vos tolde a razão. Se querem falar das ditaduras sul-americanas e compará-las entre si, podem falar do Pinochet e do Castro. Comparem quanto tempo durou uma e outra e quantas vítimas resultaram de uma e outra. Independentemente das conclusões a que chegarem, estarão a falar de coisas comparáveis. Agora , usarem o Pinochet para desculpabilizar as vítimas do 11/09 ou de outros atentados recentes fica-vos mal e é revelador de uma mentalidade distorcida. Por muito ideológica que possa ser uma discussão ela nunca deve resvalar para sentimentos de ódio, do tipo “ foi muito bem-feito, eles estavam a merecer “. Porque “eles” somos nós: pessoas como que se levantam todos os dias, levam os filhos à escola, vão para o trabalho e procuram ser felizes.
P.S. Podem falar do Pinochet todos os dias e até fazerem um abaixo assinado para a sua extradição para Espanha, que eu subscrevo. Mas, por favor, não demonstrem alegria pelas vítimas do 11/09 , se têm alguma humanidade dentro de vós.”


Tal como o meu caro leitor, eu sei quem é, e quem foi, Pinochet. Foi um ditador que suprimiu as liberdades individuais e perpetrou assassinatos políticos. Isso basta-me para não ter a mais leve simpatia ou a mínima benevolência para com essa sinistra personagem - independentemente de saber que a história do golpe de Estado no Chile é bem mais complexa do que: "Inocente primeiro-ministro eleito pelo povo é brutalmente deposto por militares com o apoio da CIA". Sobre essa questão, não posso deixar de sorrir quando observo certos esquerdistas encherem a boca para dizer que "Allende foi eleito democraticamente!". Logo eles que intermitentemente descartam a «democracia» e o «parlamentarismo»... E, convenhamos, pedir a certa gente, como ao escritor Luis Sepúlveda, que compare Castro a Pinochet é perda de tempo. Castro permanecerá um herói na luta contra o imperialismo ianqui.
Como sugere Jorge Bento, colocar em cima da mesa o 11 de Setembro de 2001 e o 11 de Setembro de 1973, para efeitos de comparação, não é só absurdo (aquela capa do Público foi lamentável). É um exercício imoral e canalha. Comparar o incomparável com o intuito de justificar o tal "estavam a pedi-las", dirigido ao «grande Satã», só pode vir de gente cega que se alimenta do ódio, da hipocrisia e do relativismo moral. Ao fim ao cabo, os mesmos que, no ocidente, justificam, legitimando, o terrorismo.

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