O MacGuffin

domingo, agosto 24, 2003

GRANDE HELENA
Helena Matos, no Público (23/08/2003):

"Para não ofender os terroristas, para não lhes dar argumentos, o ideal seria que não existissem americanos nem israelitas. Mas, como tal é impossível, esses povos deviam adoptar face ao terrorismo uma atitude expiatória do seu pecado original de existir. Um pouco como fazem as antigas potências coloniais europeias em relação a África: enviam-lhes alimentos e equipas médicas de vez em quando. Quando chegam notícias de catástrofes um pouco maiores que aquelas que se tornaram rotina, fazem-se muitas campanhas com artistas. As audiências televisivas sobem e a auto-estima também. Faz-se o bem e não se passa por imperialista.
E se, mesmo assim, dessas profundezas onde ninguém os incomoda, e onde governam a seu bel-prazer, alguns desses líderes terroristas convertidos em carismáticos caudilhos, se lembrarem de desviar aviões e atirá-los cheios de gente contra edifícios? Ou se os fizerem despenhar num qualquer local? Ou se tentarem envenenar as redes de água potável? Ou se sequestrarem pessoas? Se entrarem nas casas e as degolarem como fazem na Argélia? Ou se explodirem camiões carregados de explosivos em Beirute ou Bagdad?...
Mais uma vez vai haver quem conclua que foi porque demos argumentos aos terroristas. Mais uma vez vai haver quem defenda que se combate ou convive com o terrorismo sobrevivendo de cócoras e calçando sapatinhos de lã no terror de ser apanhado pelo argumento dos terroristas. Mais uma vez também haverá quem ache que os terroristas não podem escrever esse argumento que se chama História."

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