O MacGuffin

terça-feira, agosto 12, 2003

CORREIO
Do Nova Frente, recebi a seguinte missiva:
”Adorei o seu notável post "Para Sorrir", a propósito das declarações do então só-jornalista-só Paulo Portas à Kapa. É um post e pêras... Não admiro especialmente o ministro da Defesa, como deve calcular. Acho, todavia, que o rapaz se distingue por um bom discurso, ideias claras, aviando mais bem que outros (eu sei que não é difícil...)as suas ideias, quer oralmente quer por escrito. Eu sei, eu sei. A gente habitua-se aos "hadem" e aos "estéjamos" e depois, quando dá por si, já aprecia alguém que fale de modo escorreitinho... Mas quanto à política propriamente dita, não me fio no sujeito, bem entendido. Quanto às declarações de 1990, vamos por partes: não conheço a entrevista. De que militares estavam eles a falar? Seria uma entrevista política em que se abordava o tema do PREC e em que a vocábulo "militar" só podia ser entendido "stricto sensu"? É que, convenhamos, quando a gente inculca a ideia do coronel Vasco Gonçalves é bem legítimo tecer toda a espécie de comentários ordinários sobre militares. Não se quer por em causa a necessidade das Forças Armadas, antes exprimir a nossa repulsa pela actuação de certos militares, justamente por essa actuação ir contra tudo o que as Forças Armadas devem ser. Será isto? De resto, gostei muito de ler o post. Sabe que desde começámos a ter, com Salazar, ministros da Defesa que nunca tinham cumprido serviço militar, pode-se esperar tudo.”

Caro BOS: não se trata de uma entrevista, mas sim de um artigo. Um artigo onde Paulo Portas explicava a sua tendência e as suas referências políticas. Hoje Paulo Portas não o escreveria. Não por medo ou receio em ferir susceptibilidades. Simplesmente porque Paulo Portas é hoje 13 anos mais velho e a tarimba da vida tê-lo-á ensinado a evitar as declarações definitivas e as generalizações potencialmente injustas e não rigorosas. Não deixa, contudo, de ser verdade: a figura e os delírios de Vasco Gonçalves não eram propriamente abonatórios para a classe e facilmente provocavam o efeito contrário.
Ainda assim, tenho saudades «daquele» Paulo Portas. Um jornalista workaholic, contundente, por vezes excessivo e injusto, mas lúcido e extremamente inteligente. Um jornalista que escrevia de forma primorosa. Uma pessoa que não se prestava a beijocarias em mercados de peixe.
Era, seguramente, um homem mais livre.

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