O MacGuffin

sábado, maio 31, 2003

ESTÁ MAL

Sábado, 24 de Maio, jornal Público. O ex-ministro da cultura Augusto Santos Silva escrevia o seguinte: “Paulo Pedroso não tem anda a ver, mas mesmo nada a ver, com esse crime. Empenho nisto toda a minha credibilidade. Se, por absurdo, ele viesse a ser condenado num julgamento imparcial, eu renunciaria a toda e qualquer actividade política.(...) Espero que se faça justiça o mais depressa possível e espero que dela resulte a comprovação da inocência de Paulo Pedroso e a descoberta e punição dos seus caluniadores.”

Segunda-feira, 26 de Maio, jornal Diário do Sul (jornal regional de Évora, onde eu por vezes escrevo umas iniquidades). Carlos Zorrinho, ex-Secretário de Estado e destacado dirigente do Partido Socialista (meu antigo professor universitário), escrevia o seguinte:“Esses desenvolvimentos [a detenção de Paulo Pedroso] não são um “fait divers”, mas sim um portentoso ataque às instituições e ao regime democrático. Desejo que o Sistema Judicial resista, para eu Paulo Pedroso tenha as condições necessárias para exercer a sua defesa e possa ser demonstrada a sua inocência, as «mentes diabólicas» sejam identificadas e desmascaradas e possam prosseguir com normalidade outros processos de investigação em relação aos quais se procura desviar a atenção dos portugueses”.

Leio isto e apraz-me formular quatro perguntas:

1. Para o PS, a Justiça só funcionará se Paulo Pedroso for absolvido?
2. Caso venha a ser provada a acusação de que é alvo, será por culpa de um “julgamento imparcial”?
3. Se Paulo Pedroso for condenado, significará isso que o Sistema Judicial não soube «resistir»? Não foram facultadas as condições necessárias para o exercício da defesa?

E, por último:
4. Meus caros senhores, é esta a vossa ideia do que é justiça e do Sistema Judicial português?

Este tipo de afirmações por parte de políticos com responsabilidade, são lamentáveis e dispensáveis. Nem a emoção, nem a amizade, podem ser invocadas nestes casos. Por uma vez concordo com Sampaio: haja serenidade e contenção.

E tento na língua, acrescento eu.

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